«O Sr. Cardeal Bertone devia ter vergonha de vir enxovalhar uma luta de direitos cívicos e humanos, quando o que está em jogo é a respeitabilidade da Igreja, que tem vindo a humilhar e abusar de crianças durante séculos». É desta forma que António Serzedelo, presidente da Opus Gay, reage àsdeclarações do Cardeal Tarcisio Bertone , que afirmou esta segunda-feira existir uma ligação entre a pedofilia e a homossexualidade.
O presidente da Opus Gay defende, em declarações ao tvi24.pt, que «a pedofilia não tem orientação sexual, é um desvio de personalidade». «Há homossexuais que são pedófilos como há homossexuais que são ladrões e assassinos. Não escapamos a nenhuma maleita da sociedade. Agora dizer que a pedofilia está relacionada com a homossexualidade é um erro, uma blasfémia».
Também Paulo Côrte-Real, presidente da ILGA, considera as declarações de Bertone «infundadas e particularmente graves». Por um lado estas afirmações causam desinformação relativamente ao abuso sexual de menores e, por outro, contribuem para o preconceito em relação às pessoas homossexuais, explica.
O presidente da ILGA ressalva, em afirmações aotvi24.pt, que esta «é a posição do Vaticano e não é partilhada por todos os católicos. Recentemente o Bispo das Forças Armadas disse, em entrevista, que não existe relação entre a homossexualidade e a pedofilia».
Sexóloga rejeita ligação entre pedofilia e homossexualidade
Quanto ao objectivo da Igreja fazer estas declarações neste momento António Serzedelo não se coíbe de dizer o que pensa: «sacudir a água do capote, criar uma cortina de fumo, fingir que estão a fazer o que deviam».
O presidente da Opus Gay vai mais longe e afirma que o Vaticano «não entregou às leis civis os padres prevaricadores nem disse como foram punidos». «Só falam em caridade e orações», conclui.
«Vários estudos demonstram relação entre homossexualidade e pedofilia»
A relação entre a homossexualidade e a pedofilia está comprovada em alguns estudos internacionais. «De facto existem vários estudos, que começaram já no tempo de Kinsey, há décadas, e outros mais recentes, que demonstram essa realidade», afirma à TVI24 o psicólogo e sexólogo Abel Matos Santos.
«Podemos não gostar desses dados, mas é a realidade que temos», diz o sexólogo.
Abel Matos Santos atesta que esta «é uma relação estatística, onde a maior parte do número de pedófilos tem uma orientação homossexual». «Não estamos com isto a dizer que os homossexuais são pedófilos ou que todos os pedófilos são homossexuais», explica.
«Pedófilo escolhe profissões com fácil acesso a crianças»
A pedofilia é, no entanto, um fenómeno transversal a todas as tendências sexuais, classes sociais ou profissões. Abel Matos Santos defende, por isso, que «os meios de comunicação e a sociedade têm de estar alerta, porque a pedofilia existe em qualquer lado».
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