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sábado, 11 de maio de 2013

Eu Não Sei



Eu ia me matar, mas acabei assistindo Neruda, aliás, o carteiro, aliás, Breatissi, aliás, o amor, aliás a poesia sem café.
Eu só desejo que ninguém saiba que morri, até porque tenho médico segunda e um monte de coisa pra fazer que não vou fazer.
Amor, amor, amizade, amizade, não correm, só te olham e te engolem como se a vida fosse isso: uma farsa, um grande nada, um abismo sem graça.
Uns, dois, três já posso ouvir a rotina e o desespero silencioso batendo em minha porta, não a de casa, pois, não há casa.
Tudo é verdade até o que não existe, ilusão é só um argumento capitalista da capital dos hipócritas e eu sou apenas um corpo sem alma.
Minhas verdades são lindas, meu corpo é delicado, meu sorriso é frio, mas todos admiram, eu sou uma poesia formosa, triste e condenada a morrer de viver.
Há mais coragem em sumir, do que vestir um vestido de renda e gritar: Sou forte e de fato ser, os fatos são cruéis e não espero nada.
Eu não tenho limites emocionais, eu queria ser feliz ou triste, mas eu sei fingir, sim eu sei suportar mesmo quando o coração sufoca minha dor de cabeça.

Janaina Oliveira

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Pelo silêncio


Pelo silêncio que a envolveu, por essa
aparente distância inatingida,
pela disposição de seus cabelos
arremessados sobre a noite escura


Pela imobilidade que começa
a afastá-la talvez da humana vida
provocando-nos o hábito de vê-la
entre estrelas do espaço e da loucura;
Pelos pequenos astros e satélites
formando nos cabelos um diadema
a iluminar o seu formoso manto,


Vós que julgais extinta Mira-Celi
observai neste mapa o vivo poema
que é a vida oculta dessa eterna infanta.




Jorge de Lima